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Já ouviu falar de
Biossurfactantes?

Biossurfactante é um composto de origem biológica, ou seja, pode ser produzido por diversos organismos, como plantas, ser humano e microrganismos. Os de origem microbiana consistem em subprodutos metabólicos de bactérias, fungos filamentosos e leveduras. O (bios)surfactante tem o potencial de reduzir a tensão superficial ou tensão interfacial, pois possuem tanto porções hidrofílicas quanto porções hidrofóbicas, que permite sua interação com substâncias tanto polares como apolares.

Ficou difícil entender? Então vamos a um exemplo mais didático.

Provavelmente você já lavou a louça em sua casa alguma vez, certo?. Geralmente tem aqueles utensílios, panela, prato, talher, que ficam, como chamamos, bem engordurados. Já tentou lavá-los sem detergente? Impossível tirar a gordura, não é mesmo? O detergente da sua residência é produzido com surfactante e faz com que a água se misture com o óleo diminuindo a tensão interfacial, interagindo assim com os dois e facilitando a remoção da gordura. Isso não aconteceria sem a intervenção do surfactante, pois a gordura é apolar e a água polar.

Pois bem, entendido isso, podemos dizer que existem dois tipos de surfactantes, de modo geral. Os surfactantes derivados do petróleo e os biossurfactantes. Os surfactantes fabricados através de derivados do petróleo, são produtos de uma fonte não renovável, que impactam o meio ambiente pela extração e exploração, além de serem tóxicos e não degradáveis. Em contra partida, os biossurfactantes são ecologicamente corretos, pois vem de fontes biológicas renováveis, sua extração pode ser desenvolvida em laboratórios, são degradáveis e são menos tóxicos ao meio ambiente. Pelas suas propriedades, os biossurfactantes tem larga aplicação industrial envolvendo detergência, emulsificação, lubrificação, capacidade de formar espuma, capacidade molhante, solubilização e dispersão de fases, preenchendo a maior parte dos requisitos de um surfactante convencional. Além de serem aplicáveis como biorremediadores e em tratamentos de efluentes contaminados! No entanto, para que sua produção seja viável, é necessário que seja tão bom quanto e com custos menores que o surfactante convencional.

E como conseguimos esses biossurfactantes altamente aplicáveis e de baixo custo?

Um dos modos é o estudo microbiológico de determinado microrganismo através de um método científico. Existem vários, mas um exemplo foi o estudo realizado por Castiglioni, Bertolin e Costa (2009), em que estes propuseram a produção de biossurfactante através do experimento de fermentação em estado sólido com o fungo Aspergillus fumigatus. Durante o experimento foi alterada a vazão de ar e em alguns casos adicionadas fontes adicionais de carbono (óleo de soja e óleo diesel) no meio de cultivo.

Nesse experimento observaram que as diferentes medidas de disponibilidade de ar influenciaram na eficiência da produção de biossurfactante. No entanto, mesmo com essa influência, mantendo a promoção das condições normais necessárias (concentrações de carbono, nitrogênio e fontes de nutrientes específicos), o organismo se desenvolvia e produzia biossurfactante de forma excelente. Sendo assim, observaram que o método utilizado obteve bons resultados e é economicamente viável.

Como podemos observar, este tipo de estudo é importante para avaliar o quão fácil ou custoso pode ser a produção de biossurfactante, ponderando se aquele organismo utilizado é proveitoso em produções de maior escala, analisando economicamente a sua eficiência.

Considerando isso, você deve estar se perguntando:
“Como este estudo pode ser aplicado industrialmente?”

Bom, os biossurfactantes podem ser utilizados no processamento de alimentos, na indústria de cosméticos, fármacos, detergentes, entre outros. No entanto, sua utilização depende da indústria visualizar a oportunidade que o método e o microrganismo podem trazer a ela, já que os surfactantes derivados do petróleo também podem ser utilizados, além de verificar isso em grande escala observando sua efetividade. Os biossurfactantes por si só possuem várias vantagens, principalmente ambientais, o que atualmente é bastante chamativo para empresas que querem agradar seus consumidores sendo ambientalmente corretas, e ainda com a vantagem de não alterar o valor do produto final. E como estudos de ponta não faltam, tanto no Brasil como no mundo todo, a produção de biossurfactantes será cada vez mais acessível economicamente e provavelmente substituirá de vez os surfactantes derivados do petróleo.

Curiosidade!

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) de Rio Claro, testaram detergentes ecológicos (biossurfactantes) produzidos através das bactérias Pseudomonas aeruginosa no combate do Aedes aegypti, e observaram que o mesmo causa a morte das larvas, por causar a quebra de tensão superficial da água impedindo que a larva do mosquito suba a superfície para respirar, e que também foi efetivo como repelente. Legal, não é? Para saber mais sobre acesse https://www2.unesp.br/portal#!/noticia/14725/descoberta-substancia-natural-contra-mosquito-da-dengue/.



Aluno:
Yago de Mattos


Artigo utilizado:
Castiglioni, G.L.; Bertolin, T.E.; Costa, J.A.V. Produção de biossurfactante por Aspergillus fumigatus utilizando resíduos agroindustriais como substrato. Química Nova, 32: 292-295, 2009. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000200005