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Vacina e imunização:
você sabe qual é a relação?

Thaiane Scheila
Sabrina Chelegel
09 jun 2020

revisão textual: Talita Braga

Sabemos que hoje vivenciamos um forte movimento antivacina, mas esse tipo de movimento está vinculado a manifestações disseminadas desde o passado. Movimentos antivacina são preocupantes, e é por isso que o dia de hoje, 09 de junho, Dia da Imunização, deve ser utilizado para conscientizar a todos sobre a importância da vacinação e imunização. Agora, com a pandemia do COVID-19 esse cenário mudou um pouco né! Pois o que mais esperamos é uma vacina, não é mesmo? Então, vamos te contar um pouco da história que envolve movimentos antivacina que ocorreram no passado, bem como algumas curiosidades ocorridas naquela época.

Um pouco de história para você!

A Revolta da Vacina aconteceu entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904, no Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil. Naquele tempo o saneamento básico na cidade do Rio de Janeiro era precário, as ruas da cidade eram estreitas e sujas deixando os cidadãos suscetíveis a agentes externos que podem transmitir ou causar doenças. Nessa época, doenças como tuberculose, peste bubônica, febre amarela, varíola, malária, tifo e cólera assustavam a população e também os governantes. Diante disso o presidente Rodrigo Alves resolveu tomar uma atitude iniciando uma série de reformas urbanas com o intuito de modernizar a cidade e minimizar a ocorrência de tais epidemias.

Conforme as reformas urbanas foram sendo implantadas os seus resultados foram aparecendo. Mas, diga-se de passagem, as reformas não foram bem recebidas pela população e não ocorreram como o esperado. As mudanças urbanas resultaram em ruas alargadas, casas destruídas, populações retiradas de suas moradias e ainda assim as doenças continuavam se disseminando na pela população.

Após uma série de acontecimentos o diretor da saúde pública, Oswaldo Cruz, teve como trabalho desenvolver todo o saneamento da cidade baseado na exterminação de doenças como a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. E foi a partir de ações para combater a varíola que o governo sancionou, em 31 de outubro de 1904, uma lei que tornava obrigatória a vacinação de toda a população. Com a aprovação dessa lei iniciou-se uma grande jornada de combate a varíola, momento em que exigia-se comprovantes de vacinação das pessoas para que elas pudessem realizar uma série de atividades, inclusive viagens, hospedagens, matrículas em escolas e empregos, caso contrário seriam aplicadas multas. Tudo isso gerou uma grande revolta e a lei foi contrariada por uma grande parte da população. Toda essa revolta se espalhou atingindo outras cidades e a população usou maneiras extremas para reivindicar e mostrar seu descontentamento com as atitudes do governo, o que acabou resultando em prisões, deportações, pessoas feridas e até mesmo mortas.

Além de todos estes fatores envolvendo a Revolta da Vacina, ainda circulavam entre os cidadãos outros boatos absurdos em torno da vacinação. Um desses boatos relatava que quem se vacinava ficava com infecções bovinas, já que a produção da mesma era realizada a partir de líquido de pústulas de vacas.

Agora vamos voltar para os dias de hoje!

Percebemos que boatos sempre ocorreram, já que nos últimos anos isso vem dilacerando o assunto de vacinação novamente. E aí fica a pergunta: Será que estamos vivendo em uma nova revolta da vacina? Para que possamos compreender melhor toda essa discussão sobre a vacinação, vamos procurar entender como ocorre o processo desde o seu início, ou seja, desde a fabricação da vacina.

Vamos aos principais pontos do complexo processo de produção das vacinas!

Pois bem, o processo de produção das vacinas é bastante complexo, podendo durar meses e até mesmo anos, tudo vai depender dos diversos procedimentos que precisam ser realizados no decorrer da sua fabricação, o que envolve muita pesquisa e a escolha do melhor método para a sua produção.

As vacinas nos protegem de agentes infecciosos, que são facilmente transmitidos de uma pessoa para outra e que ocasionam sintomas que podem levar as pessoas a manifestarem uma doença ou até mesmo a morrerem. Na maioria dos casos esses agentes infecciosos são microrganismos como os vírus ou as bactérias. Diante disso, as vacinas são produzidas a partir desses microrganismos enfraquecidos (atenuados), mortos (inativos) ou de pequenos pedaços deles (subunidades). E uma vez que os pesquisadores alcançam um resultado positivo no laboratório, antes que o uso da vacina possa ser liberado para a população, ainda é necessário passar por uma série de etapas e avaliações. Todos esses processos precisam acontecer para que seja garantida a segurança e a certificação das mesmas.

Enfim... Até aqui conseguimos compreender melhor a revolta que as vacinas ocasionaram e também como elas são feitas, mas, de acordo com tudo isso, qual é a sua importância para o meio em que vivemos?

Qual a importância de se vacinar?

Quando você aí do outro lado da tela toma uma vacina, o seu sistema imunológico, ao receber o material do vírus ou da bactéria atenuado, irá começar a produzir anticorpos (que são como "proteínas protetoras") contra aquele microrganismo que até o momento era desconhecido para o seu organismo.

Na primeira vez em que o seu organismo entrar em contato com este microrganismo, a produção de anticorpos será lenta, pois o seu sistema imunológico ainda não o conhece. Mas já no seu segundo contato com esse microrganismo o mesmo será rapidamente reconhecido, de forma que o microrganismo não terá tempo hábil para se multiplicar e ocasionar a doença. Tudo isso ocorre porque no primeiro contato que o seu organismo teve com esse microrganismo, através da vacina, ele produziu os anticorpos e guardou toda essa informação em células de memória. Assim, quando o seu organismo tiver um segundo contato com esse microrganismo as suas células de memória serão ativadas e rapidamente responderão contra a sua presença, evitando que aconteça o avanço da doença. Dessa forma a vacina em conjunto com o nosso organismo atua como um agente preventivo! E à isso damos o nome de imunidade.

Deste modo, podemos concluir que as vacinas foram criadas para ajudar o nosso sistema imune a reconhecer microrganismos causadores de doenças, estimulando nosso organismo a reagir rapidamente contra eles quando os mesmos entrarem em contato conosco. Ou seja, as vacinas ajudam o nosso organismo a manter as células de memória atualizadas, como se fosse uma biblioteca ou uma coleção de figurinhas. Então quanto mais completa estiver nossa carteira de vacinação, mais completa estará nossa coleção de células de memória, e mais protegidos estaremos!

É importante lembrar que a vacinas nos deixam imunes a muitas doenças, porém algumas pessoas podem apresentar reações após a vacinação. Mas fique tranquilo, pois as consequências não são alarmantes e você não vai chegar a óbito por causa delas! Aproveito para enfatizar que a chance disso acontecer é maior se você não se vacinar. 

Ao vacinar-se você também está contribuindo para que não ocorra a volta de doenças que já foram consideradas erradicadas, como a poliomielite, a difteria e a rubéola. Mas se ao contrário você optar por não vacinar-se, poderá estar colocando em risco a sua vida e a das demais pessoas com as quais você convive, e promovendo também um aumento na circulação de doenças.

O caso do sarampo:

Convém ainda lembrar que em 2019 o Brasil sofreu um surto de sarampo, uma doença altamente contagiosa e que pode ser prevenida através da vacinação. Em 1968 o sarampo passou a ser uma doença vista com olhos atentos, pois era a principal causa de morte em crianças menores de 1 ano de idade, e era verificada a ocorrência de epidemias a cada 2 ou 3 anos. Essa doença era endêmica no Brasil, e em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunização (PNI) com o objetivo de imunizar o país contra o sarampo. Através desse programa foram criadas estratégias para controlar os surtos de sarampo, e uma dessas estratégias foi realizar Campanhas de Vacinação para a faixa etária de 6 meses a menores de 5 anos de idade, já que era o grupo de maior risco. As Campanhas de Vacinação em larga escala promoveram um declínio da incidência da doença e nas taxas de mortalidade, mas o sarampo ainda não foi considerado uma doença erradicada. Mas foi por meio da vacinação que conseguimos alcançar o controle da doença!

Nesse momento você deve estar se perguntando: Se a campanha de vacinação contra o sarampo funcionou bem, por que ele ainda não foi erradicado? E a resposta é porque, infelizmente, a média satisfatória para cobertura vacinal de rotina não é atingida. Muitas pessoas deixam de se vacinar, e isso faz com que a doença continue circulando pela população. É justamente por isso que vivenciamos nos últimos anos notícias sobre surtos de sarampo em algumas cidades do Brasil e também por isso que o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo nesse ano de 2020. No dia 15 de fevereiro também foi realizado o "Dia D", onde houve uma mobilização para alertar os pais e responsáveis sobre o risco de não vacinar os seus filhos. E se você aí do outro lado ainda não tomou a vacina contra o sarampo, corre que dá tempo!


Referências:
A evolução do sarampo no Brasil e a situação atual. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?pid=S0104-16731997000100002&script=sci_arttext
A importância da vacinação. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/745-acoes-e-programas/vacinacao/40603-importancia-da-vacinacao
A importância da vacinação (em todas as idades). Disponível em: https://www.pfizer.com.br/noticias/importancia-da-vacinacao
Campanha da vacinação contra o sarampo. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45790-campanha-de-vacinacao-contra-sarampo-ocorrera-em-duas-etapas-no-pais
Como funcionam as vacinas e como são produzidas. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1091/como-funcionam-as-vacinas-e-como-sao-produzidas
Jovem imunologista-Microrganismos e vacinas- 3a aula. Disponível em: http://crid.fmrp.usp.br/site/2014/09/26/imunologia-nas-escolas-microrganismos-e-vacinas-3a-aula/
Ministério da saúde lança campanha contra sarampo. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-02/ministerio-da-saude-lanca-campanha-contra-sarampo
Movimento antivacina: 4 doenças erradicadas que podem retornar ao Brasil. Disponível em: https://www.unimedfortaleza.com.br/blog/cuidar-de-voce/movimento-antivacina
Vacina SESI 2020. Disponível em: https://sesisc.org.br/vacina?utm_source=Google&utm_medium=CPC&utm_campaign=PQ_Vacina_Fev20_LinkGeral&gclid=Cj0KCQiA4sjyBRC5ARIsAEHsELGvyV9h7PpBuywpTJ4NCvioEk49WcC2l1aN9rhpjFI3_TXkWcZNL7gaAu6REALw_wcB
Vacinas: veja como funciona o processo de produção. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/o-poder-da-vacinacao/2018/12/21/noticia-vacinacao,1015449/vacinas-veja-como-funciona-o-processo-de-producao.shtml