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Mudanças Climáticas: uma próxima extinção em massa?

Sabrina Chelegel
16 mar 2020

revisão textual: Talita V. Braga

Dia 16 de Março é celebrado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Essa data é reconhecida desde 1998, mas as emissões de CO2 (dióxido de carbono) ocorrem há muito mais tempo. Desde a revolução industrial o planeta vem sofrendo com o aumento das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. O principal deles é o CO2, gás que regula a temperatura do planeta. Primeiramente, é importante você entender de uma forma simples como ocorre o aquecimento do nosso planeta, ou seja, como ocorre o efeito estufa. Tudo começa com o Sol, que é a fonte de energia luminosa e de calor para a Terra por meio de seus raios solares. Na Terra uma parte desses raios solares é absorvida pelos continentes e oceanos e a outra parte é refletida na forma de calor de volta ao espaço pelas nuvens e gelo (isso inclui geleiras, permafrost e qualquer superfície coberta de neve). Entretanto, uma parte desses raios refletidos na forma de calor acaba sendo impedida de retornar ao espaço pelos gases de efeito estufa. Portanto, quanto mais gases do efeito estufa estiverem presentes na atmosfera, mais o calor poderá ficar retido e provocar o que conhecemos como aquecimento global, o qual consequentemente irá aumentar a temperatura e provocar as mudanças climáticas.

Os gases de efeito estufa (dióxido de carbono, gás metano e óxido nítrico) foram importantes para que houvesse vida no planeta, porém a ação do homem vem aumentando a concentração de um deles, o CO2 (dióxido de carbono).

Como podemos saber que nós mesmos somos os culpados pelas mudanças climáticas e não o Sol? A cerca de 70 a 50 milhões de anos atrás a concentração de CO2 na atmosfera era 2 vezes maior que hoje (atualmente são 400 partes por milhão) e a temperatura média do planeta era 9°C a 14°C mais alta. Também já tivemos mudanças climáticas no planeta, mas ocorrendo em uma velocidade reduzida e de uma forma natural, como se fosse um ciclo. Sabemos disso devido a Terra já ter registrado épocas muito quentes e eras do gelo. Com o passar de milhares de anos a temperatura do planeta diminuiu e só voltou a aumentar depois que começaram as queimas de combustíveis fósseis, as queimadas em florestas, a produção de cimento e o uso da terra combinados. E dessa vez a temperatura aumentou de forma muito rápida! Estudos de gases presos em núcleos de gelo e anéis de árvores nos mostraram que durante os últimos anos a temperatura do planeta vem aumentando muito rápido. Mesmo que parássemos hoje de emitir CO2 na atmosfera o planeta vai precisar de milhões de anos para equilibrar a temperatura. Todo esse tempo é necessário porque é alarmante a quantidade de CO2 que emitimos todos os dias na atmosfera.

A temperatura média do planeta aumentou 1°C nos últimos 50 anos, e podemos ter uma nova extinção em massa se aumentar acima de 1,5°C e 2°C – o que está previsto de acontecer entre 2030 a 2052.

Você deve estar se perguntando: como se sabe que poderemos presenciar uma nova extinção em massa? Com os estudos que vêm sendo realizados, já sabemos que essas mudanças no clima irão trazer inúmeras consequências para a biodiversidade do planeta, desde um pequeno organismo até biomas inteiros. No nível mais básico da biodiversidade poderá acontecer a diminuição da diversidade genética das populações. Isso significa que os organismos que vivem em uma população irão ficar cada vez mais geneticamente parecidos entre si, podendo afetar até mesmo o funcionamento dos ecossistemas. Como exemplo, a Floresta Amazônica poderá deixar de ser uma floresta tropical pluvial e passar a ser uma savana tropical (semelhante ao nosso cerrado).

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change) apresenta algumas projeções do que pode ocorrer no planeta se a temperatura exceder o aumento de 1,5°C e 2°C nos próximos anos. As consequências para esses dois aumentos de temperatura são as mesmas, entretanto para um aumento de 2°C as mudanças são mais severas e provavelmente irreversíveis. São elas:

  • Perda de alguns ecossistemas;
  • Aumento da temperatura média de regiões terrestres e oceânicas, com extremos muito quentes;
  • Aumento na frequência, intensidade e quantidade de precipitação em algumas regiões e déficits em outras, que podem ocasionar secas extremas (como já estamos vendo acontecer em regiões do nosso país, algumas sofrendo com excesso de chuvas e outras com a estiagem);
  • Aumento na quantidade de dias quentes principalmente nos trópicos;
  • Aumento do nível do mar pelo derretimento das geleiras e dos mantos de gelo marinhos da Antártica e Groenlândia (que já são visíveis atualmente), e irão fazer com que inúmeras pessoas se desloquem do litoral e também que várias ilhas desapareçam (ilhas podem ser habitats de espécies endêmicas, consequentemente também iremos perder um grande número de espécies);
  • Acidificação do mar, comprometendo a vida de muitas espécies marinhas sensíveis ao pH ácido, e redução nos níveis de oxigênio nos oceanos;
  • Insetos, plantas e vertebrados podem perder mais da metade de sua faixa de distribuição geográfica climática (que significa aquelas áreas onde eles conseguem sobreviver);
  • Aumento dos incêndios florestais (um fato que ocorreu recentemente na Austrália), e propagação de espécies invasoras;
  • Perda irreversível de espécies marinhas, como por exemplo os recifes de coral;
  • Reduções na produção de arroz, trigo, milho e outros cereais, podendo ocasionar a redução na disponibilidade de alimentos;
  • Aumento dos casos de extinção de espécies;
  • Migração de espécies para latitudes mais altas;
  • Falta de água.

Essas são só algumas das várias consequências que as mudanças climáticas podem causar no mundo. Hoje temos muitas evidências de que tais mudanças já estão ocorrendo, como o aumento dos casos de dengue (pelo aumento de circulação do Aedes aegypti), algumas plantas começaram a florescer mais cedo (o que afeta a migração de aves e polinização), a Antártica bateu recorde de temperatura positiva esse ano, a chuva está ficando cada vez mais ácida, a Tundra e a Floresta Boreal estão sendo perdidas (estão sendo cobertas por arbustos), entre outros.

É simples de enxergar as consequências do aquecimento global. Basta observar e associar os fatos ao invés de fingir que está tudo bem.

O que podemos fazer para reverter o estrago já feito? É complicado pensar em reverter algo que já está afetando imensamente o planeta como um todo, ainda mais em um mundo capitalista onde empresas emitem mais CO2 na atmosfera do que é permitido. Porém, é possível que cada um de nós contribua fazendo a nossa parte! Nós não vamos solucionar ou reverter completamente o estrago, mas com a ação de cada um de nós em conjunto podemos reduzir a velocidade com que as mudanças vêm ocorrendo. Algumas ações individuais podem fazer a diferença, como: evitar queimar lixo no quintal de casa e descartá-lo corretamente, diminuir o consumo de carne (uma grande quantidade de gás metano é proveniente das criações de gado – veja a figura abaixo), utilizar formas de energia sustentáveis, respeitar áreas de preservação, diminuir as queimadas, plantar mais árvores e diminuir o desmatamento (as árvores são importantes fixadoras do carbono, ou seja, elas retiram o gás carbônico da atmosfera!), diminuir o uso de fertilizantes (o óxido nítrico, que é um gás de efeito estufa, vem da ciclagem do nitrogênio), entre outros.

Enfim, se cada um fizer sua parte podemos diminuir a gravidade do problema. O futuro está em nossas mãos pessoal!


@Árvore, ser tecnológico.


Referências:
https://report.ipcc.ch/sr15/pdf/sr15_spm_final.pdf
https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/4/2020/02/SPM_Updated-Jan20.pdf
http://max2.ese.u-psud.fr/publications/Bellard_Ecol_letters2012.pdf
https://www.zoology.ubc.ca/edg/pdfs/Urban2015.pdf
https://www.researchgate.net/publication/316441263_Climate_Change_Forests_and_Primate_Conservation
https://www.youtube.com/watch?v=8sovsUzYZFM
https://www.youtube.com/watch?v=hPUgECmFiKI
https://www.youtube.com/watch?v=ffjIyms1BX4