visite nosso
Instagram


Compartilhe
no face!

Ser mãe e cientista

Ana Paula Konkol
10 mai 2020

revisão textual: Talita V. Braga

No segundo domingo de maio celebramos o dia daquelas mulheres que carregaram em seu ventre as nossas vidas, e dedicaram a sua vida a nós.

Feliz dia das mães!

Mas você deve estar se perguntando, o assunto central aqui não é a CIÊNCIA? Então vamos conversar um pouco sobre como será que é ser MÃE e CIENTISTA no Brasil.

Existem muitos questionamentos sobre esse assunto: Será que é possível? Será que uma mulher pode dar conta dessas duas responsabilidades? No ano de 2017, Balzani afirmou que a participação da mulher dentro das universidades no Brasil vem evoluindo, reduzindo a desigualdade quando se trata do ingresso da mulher na graduação e também quanto a uma participação mais expressiva no campo da pesquisa. Porém, quando o assunto são os cargos de direção das diversas instituições que envolvem pesquisa e ciência, a desigualdade de gênero ainda é explícita.

E o que muda com a maternidade?

Vamos responder a essa pergunta citando o exemplo da bióloga Fernanda Staniscuaski. Quando Fernanda estava de licença maternidade do seu segundo filho, ao cuidar de duas crianças acabou perdendo o prazo de envio do relatório que era requisito para que ela continuasse recebendo apoio financeiro para a realização das suas pesquisas. E com isso ela ficou inelegível para pedir novo apoio. A partir deste momento de frustação e de dúvidas sobre o conflito constante que vivenciava entre ser uma boa cientista ou ser uma boa mãe, Fernanda e outras pesquisadoras que viviam esse mesmo dilema criaram o “Parent in Science”. E foi a partir dessa ideia que elas perceberam que em pleno ano de 2017 não havia informações sobre o impacto da maternidade na carreira cientifica das pesquisadoras brasileiras (ANDRADE, 2018).

Foi a partir dessa constatação que essas pesquisadoras se uniram e criaram um questionário online para obter informações sobre a maternidade no mundo da ciência no Brasil. Conforme pode ser observado nos dados obtidos e que estão apresentados no gráfico abaixo, a taxa de publicações cai entre as cientistas mães quando comparada às cientistas não mães. E conforme foi constatado pela pesquisa isso impacta diretamente na carreira das cientistas mães, pois para conseguir financiamentos para continuarem realizando suas pesquisas e para realizarem sua progressão profissional elas precisam publicar!

A produtividade das mulheres que se tornam mães cai significativamente após o nascimento dos seus filhos.


Fonte: Parent in Science.

Em meio a essa triste constatação, as mulheres cientistas brasileiras tiveram uma boa notícia! Conforme está disposto na Lei nº 13.536 de 15 de dezembro de 2017, mães que possuem bolsa de estudo têm garantia da prorrogação da sua bolsa em casos de parto, de adoção ou de obtenção de guarda judicial. Essa é uma notícia muito positiva principalmente para aquelas mulheres cientistas que estão no início de suas carreiras e muitas vezes dependem dessas bolsas de estudo para conseguirem se manter.

Ao olhar para esses dados é possível perceber que ser mãe e ser cientista no Brasil não é impossível, mas é um desafio e ainda precisa ocorrer muitas mudanças de flexibilização e muitos preconceitos a serem vencidos.

Para conhecer mais sobre o “Parent in Science“ acesse: https://www.parentinscience.com/sobre-o-parent-in-science.


Referências:
ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Carreiras: Mulheres na ciência, Maternidade no currículo. Pesquisa FAPESP: Julho de 2018. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2018/07/087-090_Carreiras_269NOVO.pdf.
BALZANI, Vanderlan da Silva. Cientistas e mães, como abrir novos caminhos para essas jornadas. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC: 12 de maio de 2017. Disponível em: http://www.cienciaemulher.org.br/cientistas-e-maes-como-abrir-novos-caminhos-para-essas-jornadas/.
BRASIL. Lei nº 13.536. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13536.htm.